Princípios do Judô

O Judô tem como alicerce três princípios filosóficos, definidos pelo Shihan Jigoro Kano. Como ele mesmo falou, estes seriam as principais diferenças entre o antigo Ju-Jutsu e o Judô Kodokan, "O Judô pode ser resumido como a elevação de uma simples técnica a um princípio de vida". (fjp.com.br)

Estes princípios mesmo não sendo esclarecidos, compreendidos e reforçados durante todas as aulas, estão presentes em todos os atos e atividades dos praticantes de Judô. Porém apenas quando o praticante percebe que estes princípios norteiam não apenas as atividades sobre o Dojô, mas qualquer aspecto da vida diária é que o judoka vai entender a profundidade do ensino do Judô.

Ju Yoku Go Wo Seisu
"O Suave Controla o Duro"

O Bushido, ou "O Caminho do Guerreiro" se baseia em 4 doutrinas filosóficas, o Xintoísmo, que se baseia no culto da natureza e dos antepassados, no Budismo, no Taoísmo e no Confusionismo, todas com muitos pontos em comum, mas um princípio que chama a atenção em todos é o Ju, a suavidade. (Livro Uruwashi: O Espirito do Judô)

Ju é o mais físico dos princípios, e apesar de estar ligado ao plano físico deve ser usado com inteligência, ou melhor a força deve ser racionalizada e usada na medida certa. Seu uso em demasia pode ser usada contra o praticante, já que se torna uma força excedente. (judomododeusar.wordpress.com)

Assim o Ju, é um dos cernes conceituais do Judô, pois traz em si a ideia de ceder para vencer. (Livro Uruwashi: O Espirito do Judô) Corresponde aos conceitos de adaptabilidade, dutilidade e harmonia ou seja, adaptar-se as circunstancias sem oferecer resistência física ou espiritual para assim, podermos aproveitar a força que nos é imposta. (Livro Lecciones de Judô)

Seiryoku Zen 'Yo (精力善用)
"Princípio da Máxima Eficiência com o Mínimo de Esforço do Corpo e Espírito"
Este princípio remete a preparar o corpo para ele poder ter a melhor resposta com o menor gasto de energia, estando sempre apto para qualquer trabalho ou atividade que seja recrutado. Segundo o Shihan Jigoro Kano, deve-se aprimorar o corpo, deixando o mais forte, saudável e útil para servir de forma racional, inteligente e utilitária não só nas lutas de Judô, mas em todos os aspectos do cotidiano. (judomododeusar.wordpress.com)

Estando o corpo preparado, deve-se ter em mente o Timing, o senso de tempo, a ideia de que a Natureza está sempre em mutação e não devemos lutar contra isso, pois somos uma parte dela e não donos, ou seja para se alcançar os objetivos devemos saber a hora de agir, usando as forças a nosso favor, do contrário a energia necessária será bem maior e as chances de sucesso muito menores. Sem esquecer que segundo a Doutrina do Taoismo, devemos seguir sempre "pelo caminho do meio", nunca sendo exagerado para nenhum lado (o símbolo do Taoismo é o Yin-Yang) conciliando ao máximo os opostos. (Livro Uruwashi: O Espirito do Judô)

Jita Kyoei (自他共栄)
"Princípio da Prosperidade e Benefícios Mútuos"

Esse princípio vem completar os outros dois, fechando uma cadeia de ideias, constituindo juntos um todo harmônico. A máxima eficiência e a suavidade não deve se restringir ao dojo, mas a todos os aspectos da vida, ao mesmo tempo, o bem estar, seu e do próximo, deve ser uma busca constante, tornando a sociedade mais eficiente.

A sua qualidade, seus pontos fortes e virtudes são complementados pelos pontos fortes e virtudes do próximo, ou seja, se cada membro do grupo ajudar aos demais e agir de maneira altruísta, o grupo todo crescerá e se tornará mais eficiente.

O Jita-Kyoei está intimamente ligado ao Xintoísmo, nele a noção de integridade da sociedade e do meio ambiente é clara, e fundamenta a ideia de que o prejuízo do próximo é também o nosso próprio dano. (Livro Uruwashi: O Espirito do Judô)

Fica claro então, que somente a partir da solidariedade o judoka, ou o bushi pode se tornar um ser humano completo, o progresso pessoal deve estar associado a ajuda ao próximo. (judomododeusar.wordpress.com) Um exemplo no dojo é a relação entre os Kohai, praticantes menos experientes e os Senpai, os mais experientes. Os mais antigos devem estar sempre atentos auxiliando os mais novos, e estes devem respeito, gratidão e veneração aos mais antigos. (Livro Uruwashi: O Espirito do Judô)

Bibliografia

http://www.fpj.com.br/principios-filosoficos/

Rioiti Uchida e Rodrigo Motta, Uruwashi, O Espírito do Judô, 2013, Évora

https://judomododeusar.wordpress.com/2012/01/02/os-3-principios/

Roberto Ghetti, Lecciones de Judo, 2016, DVE Agency

Comentários